27 de junho de 2010

COPA DO MUNDO - O Conservadorismo das Regras do Futebol

A Copa do Mundo até o início das oitavas-de-final dormia o sono da morte. Terrivelmente tediosa, imprevisível (num mau sentido), e com zebras passeando pelos campos gramados. Eis então que o início das oitavas nos mostra como é bom quando as verdadeiramente grandes seleções entram em campo: jogaços entre Alemanha x Inglaterra e Argentina x México; e jogos ao menos tensos entre o tradicional Uruguai contra a Coréia do Sul e Gana x E.U.A (que eu não vi).

Mas os dois jogaços foram maculados pela arbitragem - até então de ótimo nível.
Não sou daqueles que acreditam que o futebol deva ser conservador em relação às regras de arbitragem, inclusive quando ocorrem erros crassos como os que vimos, já que defendem "que essa é a graça do futebol, senão, o que teremos pra discutir no bar?". Erros de arbitragem não são motivo de "debate" no bar, mas de reclamações do torcedor vitimado. O "debate" mesmo pra mim é o do tipo "Mas até esse gol do seu time o meu estava jogando muito bem, vocês tiveram sorte..." ou "se não fosse aquela bola na trave teríamos ganho!" etc. O que é esse conservadorismo futebolesco, em pleno avanço das tecnologias midiáticas, em face da revolução informática, dos chips, ou mesmo de ideias tão simples quanto a adição de juízes atrás dos gols? Por que o juiz não pode utilizar o recurso do replay, se na NBA isso é utilizado há tanto tempo? E o que há de vergonhoso em voltar atrás na decisão, uma vez percebido (a tempo) o erro? É impressionante como o esporte mais popular do mundo continua a ser o mais injusto e reacionário. Mudam a bola, personagem central, com uma facilidade impressionante, mas as regras que a presidem (e que deveriam tornar sua apresentação mais digna) suscitam a alergia dos mofos de seus livros ultrapassados.

Walter Andrade

18 de junho de 2010

LITERATURA - A propósito da morte de Saramago

É com pesar que o mundo recebe a notícia da morte de um dos maiores gênios da literatura contemporânea. Os editores deste blog, por opção, ainda não haviam escrito sobre literatura, que é paixão comum de todos. Traio o projeto de que as primeiras postagens fossem relativas à publicação de um livro de contos, da autoria dos editores, a ser publicado, talvez, este ano. Não poderíamos deixar de prestar um reverência ao Saramago, no que estou certo de que os demais consentirão. Assim, a primeira postagem, inicialmente planejada para comunicar alegria (a nossa, ao menos) cobre-se de um luto e tristeza pela notícia de hoje. Se há na morte algo de bom, é que ela (a dos outros, no caso) nos convida sempre a pensar na própria vida (quem dera não somente na nossa!) e, no caso de um literato, músico, artista em geral, é sempre um convite a se buscar sua obra, ou revisitá-la. Façamo-lo!

Bruno Silva

15 de junho de 2010

ESPORTES - "Cala a boca, Galvão!": sobre vuvuzelas, galvão bueno e outras coisas "agradáveis" de se ouvir!

Pois é, não precisa nem de pesquisa para saber: a vuvuzela enche a sacola da maioria! Mas tem mais a ser notado: a irritante cornetinha, pelo visto, não vai silenciar. E o Galvão, não pode fechar a matraca um pouco? Não sou daqueles que dão crédito para as teorias da conspiração, mas parece que a Globo está empenhada em arrebentar o nervo da galera! Mantém o matraca do Galvão em tudo! Outro dia reclamei que a Glenda também estava cumprindo a ingrata missão de chatear e, o que acontece? a Globo coloca o tal de Tiago Leifert para ficar falando e fazendo um monte de besteira! Haja sacola! Em compensação, a fórmula 1 ficou uma maravilha por causa da copa: sai o Galvão e tudo fica light! Os comentaristas podem comentar, o narrador cumpre seu papel na transmissão (narrar) e todo mundo sai feliz!

Bruno Silva

11 de junho de 2010

GERAIS - Paradoxos, a Copa da Diferença e a Queda de Estereótipos sobre a África

Depois de longa espera, eis que a Copa começa, como quem vem do nada. Sim, porque quanto mais se anseia, por longo tempo, alguma coisa, seja ela uma pessoa ou um evento (ou uma pessoa que seja um evento), quando esta coisa aparece ainda assim nos pega de surpresa; quando o futuro se torna presente, gera sempre um acontecimento insólito.

A mídia (ou os media, como lembrava Du Bruni num outro post), lançou o slogan de que esta é a "Copa da Igualdade". Para variar um pouco (de verdade!) não pretendo nem aplaudir nem criticar o slogan, muito pelo contrário... eu talvez vá pelo avesso do avesso do avesso... e, prosseguindo os paradoxos, é bom enfatizar que a igualdade tem precisamente como meta garantir a diferença. É de fato o que uma África do Sul renascida depois do Apartheid nos mostra - com sua bandeira "arco-íris" (e nesse caso diferente da bandeira do movimento GLBTT) e seu hino multilíngue (e muito bonito diga-se de passagem...) -, isto é, que a existência de seres humanos com pigmentos diferentes (e crenças ou ceticismos diferentes) é algo que nunca deveria ter sido um problema histórico-sangrento (e nos remetendo a outras diferenças fratricidas, como a entre israelenses e árabes palestinos, que comentei num post recente). Como já dizia Humberto Gessinger "A diferença é o que temos em comum" - numa frase que resume tudo e nos oferece um alívio imediato.

A segunda coisa que me parece bastante importante, inclusive mesmo pelo seu caráter sutil, vêm das diversas imagens sobre a África do Sul - que ademais pode ensinar às pessoas, de um modo pouco escolar, que a África não é um país, mas um continente muito diverso -, imagens essas que mostram belezas naturais, belezas artificiais, as cidades, o povo sul-africano, brancos, negros (a maioria, mas de todo modo negros de feições diferentes, por provirem de grupos étnicos diversos), bairros mais pobres (nos E.U.A não os há também?!), e etcéteras. Em resumo, a decisão da FIFA de estabelecer um rodízio da Copa do Mundo entre os continentes possui esse efeito colateral (secundário seria uma palavra que diminuiria a consequência benéfica) de apresentar ao resto do mundo - pois se sabe que a Copa do Mundo é o maior evento esportivo do planeta, junto com as Olimpíadas - uma espécie de geografia natural e humana sub-reptícia, contribuindo para uma compreensão da complexidade da África do Sul (devendo-se estendê-la aos outros países do continente, em menor medida), contribuindo assim para a emergência de um continente africano que rompe com os padrões estereotipados, com as imagens que sempre nos vêm à mente quando pensamos na África: fome, pobreza, ausência de condições mínimas de vida. É claro que a África do Sul é um dos países mais ricos do continente... outros são realmente muito pobres... mas, de todo modo, não se pode reduzir a complexidade de um país, que dirá de um continente!, a apenas esses aspectos negativos. Uma outra África, possível porque real, surge aos nossos olhos, com belezas nunca dantes imaginadas, e assim nos ajuda a desconstruir os estereótipos negativos que foram impregnados em nossas cabeças desde crianças acerca do continente onde, segundo a ciência, nasceu a humanidade.

Walter Andrade

4 de junho de 2010

ESPORTES - Contusões

Incrível, mas quanto mais próximo se torna o início da Copa do Mundo mais frequentes são os casos de contusão tirando jogadores importantes em suas seleções. Os nomes fariam uma seleção invejável, certamente candidata ao título. Adler (goleiro da Alemanha), Rio Ferdinand (zagueiro inglês), Michel Bastos (lateral do Brasil. Tá, ele ainda é dúvida, mas quem não está torcendo para que se confirme o corte?),Ballack (meio-campo alemão), Pirlo (meio-campo da Itália) e Drogba, atacante marfinense e um dos melhores jogadores do mundo. Sem falar nos que estiveram no quase, como Kaká, Fernando Torres, Milito, Rooney e até Julio Cesar, machucado sem gravidade no despropositado amistoso da seleção contra a potência Zimbábue.
Esses desfalques empobrecem o espetáculo, tornando as equipes mais medíocres. E o Brasil passa a ser, mais do que nunca, um dos favoritos ao título.

Porque em termos de mediocridade, o Dunga levou o que há de melhor.


Thiguim