27 de setembro de 2010

POLITICALHA - "Governar para todos"

Estava vendo a propaganda eleitoral hoje e percebi que temos o melhor exemplo do "governar para todos", que é o lema do CABRAL. Ele falava de UPP e do bilhete único. Olha a perfeição: a UPP vai e ocupa as comunidades sem efetuar prisões. Mais: possibilita que a informação do projeto de ocupação chegue ao conhecimento dos traficantes. Tudo bem que isto evita os confrontos e eventuais balas perdidas (que sempre encontram abrigo), mas o fato é que os traficantes apenas mudam de endereço; o mais irônico é que ao sairem das comunidades do Rio para a baixada e outras regiões do Estado eles gastam menos dinheiro de passagem: R$ 4,40!

Bruno Silva

23 de setembro de 2010

POLITICALHA - Pesquisas Eleitoreiras...

Eleição gera pesquisas de opinião. Aliás, diz-se que vivemos uma democracia de opinião. Opinião pública, publicizada, propagandeada pela mídia. Mídia que encomenda pesquisas de opinião. Agências de propaganda que fazem mais do mesmo. Uma espécie de venda por demanda, no caso do comércio, e de acomodação de plataforma política à opinião dominante, no caso das eleições.

As pesquisas eleitorais cumprem o papel positivo de evitar surpresas e possíveis fraudes durante a eleição, já sabemos "2 pontos percentuais para mais ou para menos" o que acontecerá dia 3 de outubro. Por outro lado, cumpre um papel negativo ao coagir os eleitores, num certo sentido, a não concretizarem suas iniciais intenções de voto, caso pensem em votar do 3º candidato nas pesquisas para baixo (o primeiro pensamento é o de que tal voto não terá um peso definidor nas eleições...e todos queremos influir decisivamente nela). Outrossim, legitima a seleção de 3 candidatos para participarem de debates na mídia, alijando os demais. Aliás, o tempo de propaganda eleitoral é dividido de modo completamente desigual entre os diferentes partidos. Há coeficientes de acordo com o número de eleitos nas eleições anteriores, cláusulas de barreira...enfim, um mundo de condições que terminam por beneficiar os grandes partidos e imprimir uma tendência de continuidade dos mesmos "no Poder", cerceando a capacidade de renovação política e de mudanças sociais. E isso não é NADA DEMOCRÁTICO.

A "Democracia de Opinião" deveria sempre primar por dar voz às opiniões minoritárias, EM IGUAIS CONDIÇÕES, e não somente à opinião dominante. Mas o que vemos são um monte de regras antidemocráticas no seio da própria organização eleitoral(eira).

É minha espécie de "protesto de princípios".

Walter Andrade

11 de setembro de 2010

GERAIS - Explosões pelo mundo

É difícil entender a marcha do mundo. Dá vontade de pedir: pare o mundo que eu quero descer! O grupo ETA decide deixar as armas como estratégia de luta pela afirmação da nacionalidade basca, sufocada pelo processo de construção dos Estados, tal como os historiadores blá blá blálam há anos. Isso é um passo para frente? Pode ser.
Hoje, quando o mundo lembra do atendado das Torres Gêmeas, os EUA respiram aliviados de que o Pastor Terry Jones tenha desistido do plano absurdo de queimar exemplares do Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos. É bem verdade que o motivo de maior preocupação é o ensejo que este ato ridículo daria para uma resposta em represália ou, como manifestou o Obama (não confundir com Osama), a fomentação de um alistamento maciço para Al Qaeda.
O pastor se esquece (se é que já soube algum dia) que o tempo em que a igreja queimava ou mandava queimar obras já passou. Sua função religiosa como pastor, baseada no Evangelho, é a de propagar as palavras de Cristo. Mas quem há no mundo com disposição para oferecer a outra face? Não se trata mais da lei mosaica do dente por dente! Até porque, se fosse o caso, a "resposta" teria que chegar de avião, oque duvido que o bigodudo Terry tenha coragem para fazer!

Bruno Silva

8 de setembro de 2010

(ANTI)ESPORTE: Onde a Ferrari se FIA...

A reunião do Conselho Mundial de Esporte a Motor da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) deu-se hoje, em Paris, na Place de la Concorde.
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A Praça da Concórdia já teve seus tempos de radicalização, durante a Revolução Francesa, quando foi chamada de Praça da Revolução. A guilhotina lá foi instalada, aterrorizando muitos nobres, degolando até o Rei Luís XVI mas igualmente Danton e Robespierre (pois é isso o terror, aterroriza a todos, até aos dirigentes dele mesmo). Lá havia sido edificada antes de 1789 uma estátua equestre do Rei Luís XV, ornada de baixos relevos evocando as virtudes do monarca: a Força, a Justiça, a Prudência e a Paz. Sua impopularidade, contudo, fez o povo cantar à época de sua inauguração

Ah! la belle statue, ah! le beau piédestal,
Les vertus sont à pied et le vice à cheval.

O que é de fácil tradução ao português:

Ah! a bela estátua, ah! o belo pedestal,
As virtudes vão a pé e o vício a cavalo.

Chegou a ser renomeada Praça Luís XVI, em virtude do retorno do regime monárquico ao Estado. A Revolução de 1830, porém, a rebatizaria de Place de la Concorde. Em 1831, o vice-rei do Egito, Méhémet Ali, oferece à França os dois obeliscos que marcam a entrada do palácio de Ramsés II em Tebas, atual Luxor. O primeiro chegou a Paris em 21 de dezembro de 1833 e é Luís Felipe I quem decide erigi-lo na Praça da Concórdia onde «ele não lembrará nenhum acontecimento político». A principal particularidade da Praça da Concórdia é que ela é delimitada pelo «vazio» em três lados (contrariamente à maior parte das praças que são delimitadas por edifícios de todos os lados): os Campos Elísios, o Jardim das Tulherias e o Sena.
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É o sonho de todo escritor quando as metáforas se derramam perante ele, e pedem apenas um pouco de talento narrativo para tornarem-se um belo símbolo comunicativo. Aqueles que acompanharam esse resumo onde talvez esteja o principal para o caso atual e cuja atenção se deixou chamar pelos grifos itálicos, já sabem a conclusão desta pequena tirada jornalístico-histórica.

Não houve nenhum acontecimento político revolucionário hoje onde o próprio nome já predizia a conciliação. O que restou foi o vácuo ético por todos os cantos do mundo (para usarmos um sinônimo pouco recorrente nas corridas...). E o vício, bem, o vício vai a cavallino rampante e a muitos cavalos-vapor.

Walter Andrade (A história da Place de la Concorde foi extraída da Wikipédia)