31 de julho de 2012

Crônica de aeroporto

No aeroporto Antônio Carlos Jobim, esperando um meu amigo, observo as cenas que cotidianamente, suponho, se dão nos desembarques internacionais: são papeis com nomes escritos, siglas enigmáticas e símbolos estranhos; papeis que são empenhados por pessoas vestidas de maneira bastante sóbria, embora com algum excesso de tédio e apreensão. Encontros efusivos tem seu lugar no desembarque: abraços que mais parecem a prática do rapel, tudo fortemente desaconselhado pela ótica da civilidade, porém ignorado por sentimentos talvez mais antigos (alguns, segundo se propaga, exclusivos dos lusitanos e seus povos órfãos)!
Passa alguém vestido de branco (de vestido branco, mais exatamente), com a barba preta e grossa como náilon: todos suspendem a respiração. Debalde, aliás, pois que, se chegou a desembarcar, muito provavelmente vem com as melhores intenções, ou, ao menos, intenções comuns de turista. Desconfiança menor suscitam aqueles que agora chegam, saídos todos de uma mesma forma, praticando o milagre de falar e entender um idioma que nossas letras não conseguem registrar.
Observo estas coisas, conforme anunciado anteriormente,  enquanto espero, mais ansioso do que saudoso, cumpre reconhecer, esse meu amigo viajandão, que traz as muambas e encomendas dele, minhas e dos demais amigos. Uma infinidade de garrafas que, por aqui, custariam muito mais do que valem nossos fígados heróicos!
Ou o país abaixa as taxas e juros ou, o que é menos provável, vamos esperar que Hollywood nos ensine a beber, elegante e sedutoramente, doses generosas de cachaça em copos de extrato de tomates, pois aqui temo-los - os copos e a caninha - em quantidade suficiente.

Bruno Silva  

22 de julho de 2012

Gerais: o que um piercing de castidade, Humberto Gessinger e um gordo num fusca tem em comum?

Na Índia acontece tanta coisa esquisita que faz um deus de quatro braços e tromba de elefante parecer pinto (não, não fica parecendo um pequeno bípede penado; é apenas uma forma de expressão). Dois exemplos: um homem de 83 anos (em 2010) intrigara cientistas ao ficar dez dias sem comer e sem beber! O fato até serviu de prenúncio para o que se acredita ser o advento do apocalipse zumbi. Mais recentemente, outro indiano, dos que comem, instalou um artefato revoltante em sua esposa: um "piercing de castidade". O marido instalara um cadeado na genitália de sua esposa e levava as chaves na meia, todos os dias antes de ir trabalhar. Quer dizer: um indiano não quer comer, e o outro, não quer que os outros comam! Fiquei pensando: esse cara não só é um idiota ignorante, como tem pouca imaginação sexual. Isso vindo da terra do Kama Sutra é, no mínimo, absurdo!
Mudando de assunto, preciso comentar dois acontecimentos da esfera pessoal. O primeiro diz respeito a uma noite de autógrafos no Rio Sul. Os fãs de Humberto Gessinger tivemos uma oportunidade rara de conhecer o ídolo e, ainda por cima, tirar uma foto para recordação. Tendo lido na tarde do dia 18 que Gessinger estaria por lá lançando seu último livro "Nas entrelinhas do horizonte", não pensei duas vezes:

Por fim, quero compartilhar uma reflexão que tive na manhã seguinte: vi um gordo dentro de um fusca e achei a coisa mais leve do mundo! Aquela imagem me emocionou e me passou uma sensação de harmonia nas coisas. Parecia que o gordo havia se sentado num banco e esperado que o fusca fosse montado ao seu redor. Parecia que o fusca era um casaco de chuva daquele gordo. Um quilo a menos no proprietário, um centímetro a mais no fusca, e lá se ia a harmonia. Coisa complicada é o equilíbrio: pode estar num gordo dentro de um fusca, mas pode faltar num estudante de neurociências numa sala de cinema dos Estados Unidos da América.


Bruno Silva

17 de julho de 2012

Da comunicação mãe-bebê

Mães e bebês possuem uma forma específica e enigmática de comunicação. Como no trânsito, as mães sabem o que ignifica o choro breve, o choro longo, dois choros breves, etc. Eu não entendo de apitos, quem dirá de choro de crianças! Mas o que chamou minha atenção na sexta feira passada foi outra coisa: dentro de uma kombi estavam uma mãe e seu bebê. Era uma menina (falo do bebê), e me olhava fixamente. Tentei algum tipo de aproximação (falo do bebê), mas rejeitei, como sempre faço, apelar para o estilo bilo-bilo. É como dizia o Quintana: "O idiota estilo bilo-bilo com que os adultos se dirigem às crianças, isso deve chateá-las enormemente..." Fiquei olhando, mexendo as sombrancelhas, os lábios... sendo ridículo de outra maneira, em suma.
A menina, que se chamava Izabeli, não esboçava reação, apenas me fitava como se soubesse algum segredo meu. Comecei a me sentir mal, fiz revisão do meu dia: o que será que essa criança sabe a meu respeito. Comentei com a mãe da menina: - poxa, ela não dá chance! Está me olhando de uma maneira adulta, parece que sabe algum segredo meu! Continuamos nos olhando, e era sempre a mesma ameaça nos olhos da Izabeli. Quando desci da kombi, de alguma forma aliviado, a criança, que tinha um ano e pouco, subitamente olhou para a mãe. Mas olhou de uma forma tão eloquente que até eu consegui traduzir o que ela queria dizer: "Mãe, de onde você conhece aquele idiota!"

Bruno Silva

11 de julho de 2012

"Todo mundo odeia mudanças na programação!": gerais com algum humor.

"Lá vem ele reclamar de novo!"
Venho. É como diz na música: a hora do sim é um descuido do não. Não digo que estivesse feliz; estava conformado em trabalhar igual a um relógio e, chegando em casa, assistir ao seriado ultrarrepetido da Record. Agora não tem mais, falhou. Parece que mudaram o horário. Só que ninguém mudou o meu! Então, o que sobra é o noticiário, as vezes até inédito. Ontem, por exemplo, uma história com igredientes conhecidos resultou numa coisa nova e escandalosa. Uma vovó sulista, daquelas que não atiram, fraturou um fêmur e foi a um hospital do SUS (SUS CREDO!) para realizar cirurgia. Era para colocar platina na perna esquerda, mas os gênios não consultaram o prontuário e mandaram platinar a destra da vovó. Percebido o equívoco, fizeram nova cirurgia, mas a platina da direita vai continuar.
Coitada da vovó: vovólwerine (Rir = inferno).
Um experiente paraquedista realizava um treinamento de pane, quando ocorre uma simulação de problema e o pára-quedas é aberto no último momento. O piloto do avião fez uma manobra errada, acertando com a asa na head do paraquedista. Deu ruim de verdade. É o que os italianos chamariam de tropo vero!
O pior foi o comentário de uma autoridade competente: ou foi um erro humano, ou foi um erro da máquina, ou foram as duas coisas juntas. É mais fácil ele perder jogando dados com todos os lados iguais do que errar nessa análise!
O time do Sonnen pretende anular a luta do último sábado. Motivo alegado: a joelhada do Aranha teria sido ilegal. Se você tem dúvidas, procure o vídeo na internet e o assista ao vivo. Galvão garante que é possível!
Bruno Silva