30 de janeiro de 2013

Manhã londrina

Manhã londrina.
É janeiro no trópico, mas nada informa.
Cai uma chuva temporã, e o ramo de trepadeiras, do muro, sorri seu verde.
Engraçado que jamais fui à Inglaterra.
Perambulo pelo aeroporto, e é pena que o trajeto de meus passos não conte para o programa de milhas!
Manhã londrina.
O mundo só tem quarenta dias, mas há tanto construído!
O governo quer mais, e já não há espaço.
Vai o governo, com seus tratores de borracha, apaga o que havia e reinventa por cima.
Nem tudo fica bom.
O Maracanã, dizem os saudosistas, deixou de ser (além da Inglaterra, nunca fui ao Maracanã).
A borracha, insaciável, procura mais para borrar!
Mas hoje, nessa manhã londrina, acordei confuso e sem cabeça para esses assuntos pesados, de concreto e memória.
Quero apenas registar isto: tivemos um janeiro atípico, acordei me sentindo um britânico sem chá nem rainha.
Fevereiro já está na porta, a nos lembrar que é Brasil.
Chega, outono!

Bruno Silva

24 de janeiro de 2013

O homem do futuro e o jabuti do passado

O The Sun, jornal britânico, publicou uma matéria sobre como será o homem de 3012. Em mil anos teremos menos cérebro, seremos mais altos e teremos dedos mais longos, olhos maiores, bocas menores... Já não bastavam as previsões apocalípticas para o futuro do planeta; agora os cientistas nos mostram como seremos em mil anos. Acho melhor nos preocuparmos em como faremos esse planeta e os seus destruidores (nós) durarmos tanto tempo! Se não houver saída mais razoável, vou me mudar para dentro de uma caixa de som velha e viver, pelo menos, mais trinta anos, tal como o jabuti da zona oeste. Para quem ainda não sabe, a Manuela, um jabuti (talvez ficasse mais correto escrever jabota, que é a fêmea da espécie) que havia sumido há 30 anos, foi encontrada recentemente dentro de uma caixa de som. Depois que o antigo proprietário da caixa esticou o pernil, o jabuti já ia para o lixo junto com a caixa de som (provavelmente viria para Seropédica!) quando, alertados por vizinhos, a família retirou o adorável quelônio do monturo e o reintroduziu ao seio do lar. Desnecessário dizer, claro está, que lá se foi a paz do bicho!

Bruno Silva

17 de janeiro de 2013

"Não pise"

"Não pise a grama" ou "Não pise na grama"? Tanto faz, contanto que você não pise! Para não pisar, aliás, nem a crase atrapalha: "Não pise à grama" está errado do ponto de vista gramatical, mas nem por isso se deve sair sapateando sobre o verde todas as vezes que a placa deixar furo! Bom, o que eu to querendo dizer é que, a rigor, não se deve pisar na grama quando houver proibição expressa (muito embora nos pareça impossível cumprir esta tola regra). Mas o que eu fiquei sabendo na semana passada me chamou a atenção: é proibído pisar nas asas dos aviões! Putz, ainda bem que isso está registrado, vai que algum desavisado...!
Fiquei discutindo o tema com minha mulher: esse aviso deve ser para os famosos demônios verdes que costumam viajar nas asas dos aviões, conforme os variados relatos, até então injustamente qualificados de fantasiosos. A razão feminina ainda quis me alertar para o fato de que aquele aviso destinava-se aos profissionais responsáveis pela manutenção das aeronaves. Não sei, não fiquei totalmente convencido. Daí vieram as instruções de vôo, e nos informaram que, no caso de um eventual problema, existiam portas de emergência sobre as asas. Mas se é proibído pisá-las! Concluímos, então, que, quando se trata de sobreviver, as vezes é preciso quebrar algumas regras (as do uso da crase, por exemplo!).

Bruno Silva