21 de fevereiro de 2013

Fevereiros idos

Sempre que chovia em fevereiro parecia que a natureza ofertava um imerecido carinho. De tanto sol, que também não se merecia, vinha um riachinho de pé abençoar os bichos e as plantas. Chovendinho. Naquele não choveu, não. Era o sol, como uma rodela de abacaxi sobre o triste povo nosso. O caminho de barro malsão, dava o tempo de empapar os corpos, de grudar as vestes e, de repente, lufada de poeira. Era uma raiva e uma tristeza, tudo junto. Triste travessia nos fevereiros idos! Chuva não dava sinal, e quando viesse era mais para desespero e desalojo.
Tinha urubuzal no alto, devia de ser res morta. Não era. Cheiro paposo, daqueles que os lixos e os mortos dão, depois de envelhecidos. Eram os idos de fevereiros. Tempo melhor há de vir, sem dar aviso. Aí vai ser uma fartura de chuva prazenteira, muito bem-te-vi de dia e noturnos grilos. Esses dias chegarão? Gregas calendas...

Bruno Silva