17 de abril de 2014

Réquiem para Gabriel García Márquez

Fui recebido pela esposa, mal cruzada a soleira.
- Hoje você vai precisar tomar um trago. Seu escritor favorito morreu...
-Gabo?!
É véspera de Sexta Feira Santa: Quinta de Endoenças, último dia de missa antes da vigília pascoal. Gabriel García Márquez está morto e será preciso um copo cheio para engolir o passamento do santo ateu, exatamente como Jeremiah de Saint-Amour.
Sentei para jantar. Jantei. Fiquei pensando no Gabito, na minha vida e juventude, nos meus amigos.
Quando o Saramago se foi, alguém falou que o mundo havia ficado mais burro. Agora, não apenas está mais burro, como mais desprovido de fantasia e realismo. De realismo fantástico.
Parece que estamos, mais uma vez, à nossa própria sorte e miséria...

Bruno Silva