6 de dezembro de 2011

O fim de uma era: a entrega das chaves.

As chaves do 714, na Rua Júlio de Castilhos, serão entregues amanhã, pondo fim a uma era. O apartamento foi palco e cenário de várias entre as melhores coisas que nos aconteceram desde 2004. Ele testemunhou o início de amizades cheias de irritação e bons momentos, porém nunca abrigou discórdia profunda entre os amigos; viu reconciliações efêmeras de blindex; foi vinho, foi cerveja e foi cinzeiro.

Ponto de encontro efusivo e de encontros de alcova, o apartamento se viu diminuído quando do fechamento do escritório do Dr. Evanildo. Mas não se abateu de todo, antes se desdobrou ao máximo do apartamentalmente possível! Ocupávamos o sétimo andar, não o sétimo céu: a fossa, o desespero, a desesperança, tudo isso teve vez naquela pequenina janela sobre amendoeiras de uma Copacabana que não volta mais. Mas o mundo doía e pesava menos quando estávamos reunidos naqueles quarenta metros quadrados.
Os meus melhores amigos passaram por ali; muitos dos nossos melhores momentos foram passados ali. Um tempo que a roda viva carrega sabe-se lá para que paragens. 
É por isso que hoje, nas vésperas do grande golpe, eu estou escrevendo esse elogio amargurado do apartamento: berço e túmulo de uma felicidade sem projeto.

Bruno Silva

2 comentários:

Walter disse...

Lá novas amizades foram estabelecidas, com a intimidade tendencial que 40 metros quadrados proporcionam; carnavais, reveillóns, e demais eventos miúdos lá tiveram seu ponto de fuga ou encontro; o eterno "acho que vou cair por aí", com o quase sempre correspondente "cai pra cá"; mesmo relacionamentos recentes dele tiveram um impulso substancial. De modo que o 714 dá as mãos ao 212; mais do que números, memória humanizada.

Thiguim disse...

Realmente será pra sempre uma lembrança com lugar especial no cuore. Todos os tipos de alegrias, expectativas e bebidas passaram por ali. Substituições de vícios e de namoradas se seguiram, mas ele parecia inintregável. Neologismos e "bobeiras" foram criados, espalhados ou deixados por lá.
Não tenho medo de dizer que somos o que somos, hoje (seja isso bom ou ruim), por causa daquele espaço a uma quadra da praia.

Amanhã, quando a porta bater pela última vez (para nós pelo menos), meu coração perderá um compasso.

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