23 de fevereiro de 2011

Revolução na Líbia: "A Líbia é bombardeada/ a libido e o vírus..."


Queimem os livros de história, joguem fora os programas de aulas, senhores professores! O mundo mudou de vez. O que se assiste no mundo árabe pode sim ser classificado como fez o Walter em uma postagem anterior: "uma era das revoluções árabe"! A Líbia, bombardeada, procura se livrar do vírus Muammar Kadafi. É uma busca pelo "Alívio Imediato", para continuar nas referências a Humberto Gessinger. O exército está aderindo à revolução popular, embaixadores, diplomatas e ministros, favoráveis ao movimento popular (ou ao menos contrários à repressão que se abate), estão pedindo demissão. No mar de petróleo há uma onda revolucionária no ar; ou será no deserto?

"A onda" (Humberto Gessinger)

Força não há capaz de enfrentar
Uma idéia cujo tempo tenha chegado
A força não é capaz de salvar
Uma idéia cujo tempo tenha passado...


Bruno Silva

21 de fevereiro de 2011

1987 - Nunca foi legal. Mas sempre foi legítimo.

Queria escrever sobre o tema, mas qualquer coisa que escrevesse seria uma espécie de plágio desse texto que agora posto aqui, pois resume bem o que penso.

(Texto integral retirado do blog do jornalista José Ilan)



À essa altura, já nem fazia tanta diferença assim.

O título brasileiro de 1987, agora reconhecido oficialmente pela CBF, nunca esteve na galeria física, mas sempre frequentou o bom-senso da cultura popular, acima de paixões clubísticas.



Nunca foi legal. Mas sempre foi legítimo.

A decisão demorou demais. Idas e vindas de uma tal Taça de Bolinhas, atropelamento e morte da ética, desfaçatez dos que rasgaram acordos, tudo se permitiu na longa e injustificada espera.

Mas o reconhecimento oficial tem, pelo menos, um benefício prático: cobre de vergonha aqueles que cinicamente se aproveitaram da situação ambígua para se apropriar de fatos, glórias e símbolos que não lhes pertenciam.

Porque no fundo, todo mundo – até eles – já sabiam.

Com 24 anos de atraso, o Flamengo é declarado hexacampeão do Brasil.

É provável que tão cedo não haja taça. Talvez não haja carreata, festa do título ou comemoração até o sol raiar.

Mas por toda dificuldade e justiça, bem que merecia.

POLITICALHA - Como se rasgar um mesmo papel todos os dias...


Lê-se na Constituição, Artigo 7º, inciso IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas [do trabalhador] necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;

E ainda no inciso XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;


A levar-se em consideração a indigna ou farsante disputa por míseros R$15,00 na queda-de-braço (ou decadénce) entre Governo e Centrais Sindicais por um salário ou de R$545 ou de R$560 (e havia a "revolucionária" proposta de R$600 dos tucanos e democratas!) é de se (re)fazer a pergunta que o Plínio de Arruda Sampaio fez à Dilma durante o programa eleitoral: "Gostaria de saber se a senhora viveria com um salário mínimo?". Outrossim, há de se lembrar a proposta do PCO de "salário vital de R$2.500", sim, porque, devemos nos perguntar profundamente isto: de que lado se encontra a utopia, exigir R$2.500,00 ou usufruir - vamos lá - "moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social" com R$545 ou R$560?!?!

O segundo inciso coloco por conta do básico setor comercial, onde "não se sabe mas se desconfia de muita coisa", isto é, de que não se cumpre a lei ordinariamente, especialmente talvez os trabalhadores de um certo supermercado da "Rua Maxwell, aberto até a meia-noite" e outros exemplos em feriados e afins. "Negociação Coletiva", "Flexibilização dos Contratos de Trabalho", dirão alguns liberais, quando se sabe que o tempo é tudo que um despossuído possui: "É tudo que eu posso oferecer...é pouco...é quase nada...mas é tudo que eu tenho, tudo que eu posso oferecer" já dizia o Humberto Gessinger (o tema da música era romântico, mas cai como uma luva, e acho que o próprio aprovaria meu emprego, ele, que gosta tanto de polissemias...). Como se sabe "Ninguém respeita a Constituição...Mas todos acreditam no futuro da Nação...Que país é esse?!". Respondemos como se fazia nos shows: "É a porra do Brasil"...

Walter Andrade

20 de fevereiro de 2011

"Lei Tiririca": reforma política e voto majoritário

Parece que a proposta de reforma política começará a ser debatida na próxima terça feira e terá, no centro das discussões, o problema do coeficiente eleitoral, este agente complicador do entendimento geral, impossibilitador do exercício pleno (ou encenação sem cortes) da democracia brasileira e garantidor da politicalha dos partidos políticos. Atualmente, o candidato não está apenas na dependência dos votos conquistados: em 2002 a eleição do impagável Éneas, que recebeu cerca de 1,5 milhões de voto, trouxe à reboque a entrada de Vanderlei Assis de Souza, que só teve 275 votos! Casos semelhantes foram registrados em 2006, na eleição do estilista Clodovil e, mais recentemente, com a eleição de Tiririca em 2010, que obteve aproximadamente 1,35 milhões de votos. A reforma pode significar o fim das coligações partidárias com interesses numéricos e o fim das aparições bizarras incumbidas de atrair votos para os partidos introduzirem seus agentes mais especializados (sabe Deus com quais propósitos!) É claro que a reforma não significará apenas isso, pois discutirá, entre outros pontos, o financiamento público das campanhas na expectativa de minimizarem os efeitos do lobby político e outras arestas do nosso sistema (porque ele está muito longe de ser redondo, apesar de permitir a manutenção de tantos círculos viciosos!). Pode ser, mas o horário eleitoral está prestes a ficar menos divertido!

Bruno Silva

11 de fevereiro de 2011

Uma "Era das Revoluções Árabe"?



O Egito toma a dianteira nos noticiários, e não sem razão, visto ser de fato o país mais importante da região do Saara e essencial para ALGUMA estabilidade geopolítica na região do Oriente Médio. O caso é que há outros países árabes onde semelhantes protestos - taxá-los de democráticos sem mais talvez seja imprudência ocidental... - estão se dando. Na Tunísia o presidente Zine El Abidine Ben Ali foi bem pra longe, fugindo do país em 14/01, depois de 23 anos no poder, com um detalhe interessante: os protestos começaram depois da divulgação pela "Wikileaks" de telegramas que revelavam casos de corrupção! O presidente do Iêmen, Ali Abdallah, há 32 anos no poder, anunciou no último dia 2 que não disputará a reeleição e que isto sim contribuirá para a formação de um "governo de unidade". A onda se espalha por países como Argélia, Sudão e Mauritânia, onde a prática da auto-imolação tem sido empregada contra os governos... (o que falar disso? sinceramente, não sei). Na Jordânia o rei empossou o novo governo prometendo mais liberdades individuais - até em Omã, de regime monárquico, houve protestos - e, se lembrarmos do (já) longo conflito no Iraque e Afeganistão, e do (ainda) mais longo problema palestino, um Hobsbawn já chamaria-os de "Era das Revoluções Árabes". Com maior prudência, porém, em relação a uma "História do Presente", sempre arriscada, já podemos pelo menos vislumbrar uma ebulição política no mundo árabe. Resta saber o que sairá disso, novas ditaduras teológicas ou novas democracias islâmicas?

Walter Andrade

10 de fevereiro de 2011

50 bilhões a menos: a vez de Dilma, de uma vez só!

"É melhor ser temida que amada neste país da cordialidade corrupta!" Essas foram palavras pronunciadas ontem (09/02) por Arnaldo Jabor. Elas fazem referências que não são tão conhecidas, embora sejam evidentes: Para os que começam a governar um dominio novo é melhor ser temido ou amado? Era a questão a que Maquiavel, o "imoral" quinhentista da terra de Berlusconi (que começa a conhecer o peso real de uma mulher de 17!), procurava dar resposta. O tese do Brasil do homem cordial, por sua vez, é uma reflexão do sociólogo Sérgio Buarque de Hollanda (sim, tem a ver com o Aurélio do dicionário e com o Chico Buarque!) Mas percebo que o texto, a exemplo do que acontece com nossa economia, começa a se afastar do rumo. Voltemos ao tema central: as palavras de Jabor.
Ele comentava a recente e amarga notícia do corte de 50 bilhões de reais no orçamento da União. Tá certo, há muita contenção de gastos abusivos, há também o anúncio de uma procura pelos desvios orçamentários do país. Mas o fato é que o corte vai doer para os que se preparavam para os concursos públicos federais, e também para aqueles já aprovados e que, agora, se encontram impedidos de nomeação.
A antiga medicina ensina (e não foi minha intenção fazer a rima) que o remédio amargo é o mais eficiente, e que "o que arde cura". Pode ser, mas se se tentasse impedir o abusivo aumento de salário da politicalha legislativa já seria uma colherinha de açucar no café amargo que se oferece para curar a ressaca de uma embriaguez econômica que começa a causar dor de cabeça!

Bruno Silva

3 de fevereiro de 2011

Explosões pelo mundo - Mubarak Obama

O Egito é um país predominantemente muçulmano. É composto por uma maioria sunita, sendo que outras minorias religiosas, como os ortodoxos e coptas, também marcam presença no país. Por que estou falando isso? Porque nos últimos dias os jornais noticiam incessantemente a revolução por vir no Egito. Parece que o Hosni Mubarak, presidente desde 1981, e que parece ter sido mumificado, já que não aparenta ter a idade que tem (82 anos); parece, eu dizia, que o Mubarak não acompanhou as modificações da história (que ele viveu quase desde o início) e ainda pensa que o Egito está no tempo dos faraós, sendo ele mesmo um novo faraó com mais longevidade do que o jovem Tuntankamom. Ora, se for o caso, é bom ele se preparar para o encontro inevitável com Osíris e sua balança de corações, porque o tempo dele está chegando! E o Obama? Bom, além da boa oportunidade para o trocadilho, parece que o presidente "yes, we can!" está de saia justas com a situação, pois desejaria que o Mubarak se retirasse do poder, mas não pode ("no, we can't!") pedir que ele faça isso, pois como sempre (isso sim parece não mudar) os EUA estão na difícil situação de quem cultiva na mesma fazenda diplomática lobos e ovelhas, uma vez que é aliado de políticos de mesma estirpe oriente afora!

Bruno Silva