27 de abril de 2011

ESPORTES - De Volta para o Futuro...


Quando achamos que hoje todo jogador é mercenário, que a tal profissionalização do futebol tirou o lado bom do amadorismo, isto é, o amor à camisa, eis que ao menos uma exceção nos enternece: Juninho Pernambucano, que volta ao Vasco recebendo um salário-mínimo... (simbólico mais-que-tudo, e já que se tem de receber algo por trabalhar). o jogador só aceitou receber boas premiações de acordo com o bom desempenho do time no campeonato brasileiro, posto que por sua idade avançada (36 anos) não sabe se terá condições de atuar em alto nível (acreditamos que sim, já que sempre se cuidou fisicamente e sempre foi disciplinado). Exímio cobrador de faltas (além de ótimo passe e visão de jogo, boa marcação, vibração...), até um cientista se interessou por ele, trata-se de Ken Bray, físico inglês, que chegou a fazer um estudo e o considerou o maior do mundo em cobranças de falta (para quem duvida, assista no fim da postagem a uma cobrança magistral quase sem ângulo que parou no ângulo!). Juninho pediu já duas bolas do brasileirão para ir se acostumando, já que só poderá jogar pelo Vasco em agosto, quando abre a janela para as transferências externas. Havia declarado - como se precisasse! - ser Vasco, e que só jogaria no Brasil novamente pelo Gigante da Colina, articulando agora suas palavras em atitudes. A própria trajetória no futebol remete ao esporte no passado: só jogou pelo Sport (1993-1994), Vasco (1995-2001), Lyon (2002-2008) e pelo Al-Gharafa (2009-2011). Foi multicampeão por onde passou (o Lyon nunca havia conquistado o campeonato francês antes dele, com ele conquistou nada menos que o Hepta!). Para prosseguir no passado, o caso ainda lembra o de Pelé, que quando voltou ao Santos jogou "de graça", segundo o mesmo salientou criticando - lembrança inversa - a Ronaldinho "gaúcho", que disse num dado momento que queria voltar ao Grêmio, para compensar a saída conturbada, e que jogaria "até de graça" pelo time que o revelou; como se viu, apenas palavras vazias de sentido...

As boas-vindas ao eterno reizinho de São Janu!

 

Por um vascaíno muito feliz: Walter Andrade

23 de abril de 2011

Casamento do príncipe William: quem se importa?

Estamos já distantes da época em que a monarquia inglesa, conforme se acreditava, possuía o dom de curar escrófulas pelo toque das mãos (Reis Taumaturgos). Mas o interesse pelas coisas da família real, em que pese a crise por que passa a Grã-Bretanha, continua em alta. O inexpressivo príncipe William e sua noiva arrivista, Kate Middleton, estão sempre dando as caras na máquina de fabricar doidos, a TV. Quis assistir ao noticiário ontem e me deparei com um programa inteiro dedicado ao casamento Real (canais abertos...!), que está sendo considerado um moderno conto de fadas (imagine-se a a Cinderela fazendo - de propósito, dizem as ferinas línguas - matrícula na mesma universidade do príncipe encantado!). Mas qual a relação entre a cura dos males e o tão falado casamento? É que, se já não salva o pescoço de ninguém em particular (a não ser o da futura princesa), a família real contribui para acabar com a tragédia no mundo inteiro: o Japão já não enfrenta problemas, o mundo árabe já não se vê mergulhado em uma onda revolucionária, as pessoas não estão sendo metralhadas por tropas fiéis ou não ao regime de Kadafi... O casamento apagou todos os males! Viva a esse estúpido wedding! Talvez o arroz que se jogará em cima sirva de banquete a alguém mais além das media, caso haja alguma Eleanor Rigby para recolhê-lo quando a festa passar!
Nunca disse que era o menos ranzinza...

Bruno Silva

10 de abril de 2011

Fórmula 1 / 2011: grande prêmio da Malásia (sem chuva e com emoção).

Um alemão liderando do início ao fim, um Barrichelo tendo problemas com o carro e abandonando a corrida, uma ferrari atrapalhando a vida de um piloto brasileiro... a fórmula 1 continua a mesma? De jeito nenhum! As expectativas foram confirmadas na corrida da Malásia: ultrapassagens, brigas durante a corrida, estratégias de pit stop definindo posições... Uma corrida viva até o fim, que já nos faz esperar um campeonato emocionante em 2011!

Uma piada do minuto: Mark Webber entra na sala da diretoria de sua equipe e desabafa:
- olha, assim não posso continuar correndo!
- Mas, Webber, já se esqueceu? "Red Bull te dá asas"!
- É, mas eu também preciso de kers!

Uma reflexão do minuto: em alguns carros, a asa traseira faz a diferença; em outros, o kers é quem determina o sucesso. E no carro do Rubinho, é o tacógrafo? rs

Bruno Silva

9 de abril de 2011

POLITICALHA - Tragédia em Realengo: Muita calma nessa hora.


Com prudência pretendo dizer minhas palavras sobre a tragédia que ocorreu em Realengo, ou melhor, não tanto sobre a tragédia em si - já descrita pelo jornalismo - mas de assuntos que a circundam, ou que se ocultam por trás da mesma.

Nesse momento duro é necessário não perdermos a calma e a razão. Isto para que não sejamos levados pela inserção oportunista de velhas-novas plataformas de segurança mais rígidas e disciplinares. Seguem os exemplos.

1) Volta do debate sobre a proibição de venda de armas a civis.

Um pouco de pensamento nos leva a perceber a falácia do argumento: tal possibilidade de proibição de vendas de armas incide apenas sobre a aquisição legal das mesmas, lei que já foi rejeitada por plebiscito recentemente. Ora, para a aquisição legal de armas é necessário passar por exames psíquicos - do qual provavelmente o assassino não sairia aprovado - entre outras burocracias que seria ocioso citar aqui. Por outro lado, deve ser um direito do cidadão "são" defender-se legitimamente de atentados a sua residência ou vida, direito constitucional em democracias. A proibição de que civis possuam armas é característica histórica de regimes ditatoriais e dos mais antigos tiranos, pois assim a sociedade fica mais débil contra os poderes do Estado, possuidor do "monopólio da violência física legítima" (Weber), coisa que devemos desconfiar e criticar, posto que o Estado não é nem nunca fui uma entidade "neutra", e sabemos muito bem o tipo de polícia que temos por aqui. Defendamos a sociedade portanto, através da sociedade, e não somente do Estado. Isto é dito ainda contra certos sociólogos que apareceram defendendo assim o Estado: quando sociólogos defendem o Estado, é porque há algo errado...

2) "Satã Ghost tem o poder de enfurecer os seres e transformá-los em monstros incontroláveis"

Parece piada ou brincadeira de mau gosto, mas a metáfora tirada de Jaspion cai como uma luva para o que é preciso evitar nesse momento (espero que consiga transmitir isso com delicadeza, para que não pensem que eu estou justificando a tragédia): evitar transformar em simples monstro ao assassino que, na verdade, foi uma das possíveis - ainda que não prováveis ou recorrentes - consequências nefastas dos problemas de nossa própria sociedade. A começar pelo bullying pelo qual o rapaz passou durante a idade escolar (passaria muito provavelmente por trote se tivesse ido para uma Universidade), a ausência total de vida social (e não podemos aceitar que se passe a pensar a partir de agora que toda pessoa meio "antissocial" é um provável assassino), a inexistência de auxílio psicológico pelo SUS... Um absurdo que ainda se tome como "luxo" de classes mais abastadas à psicologia, tão importante nas nossas sociedades contemporâneas geradoras de neuroses e problemas psíquicos em alta escala! Pessoas que demonstram tais sintomas precisam de tratamento, não de exclusão ou estigmatização. É muito fácil culpabilizar por completo o outro, e nos tornarmos assim completos inocentes (é claro que as crianças eram sim inocentes do que ocorreu). Fazemos parte de uma sociedade, de uma comunidade social, precisamos ser cidadãos responsáveis e que intervenham na mesma para a sua melhoria, buscando entender os sintomas, os fatos, as mazelas que ocorrem, encontrando suas causas e combatendo-as como médicos antes que policiais.

3) "A miséria do jornalismo"

Os jornalistas da Globo mostraram o quanto sabem sobre a cidade além do túnel rebouças: estereótipos (pra não dizer que não sabem nada). - Como é Realengo? - Não sei... sei que é longe do centro, que fica perto de Santa Cruz (foi a resposta de uma "jornalista" global). Além da teleologia de uma delas, que queria que um psiquiatra afirmasse que poderia se prever 10 anos atrás o assassinato dessa semana, por conta de sintomas apresentados pelo rapaz anteriormente. É muito desconhecimento sobre a cidade (dos seus "apartamentinhos da gávea"), e muita estreiteza de pensamento psicológico...

4) Detector de metais ou PM's nas escolas/universidades

Não é que surpreendentemente o próprio Rodrigo Pimentel foi contra a proposta?! Disse ele muito bem que isso não teria evitado a tragédia, certamente um possível guarda seria igualmente assassinado por alguém tão decidido a fazer o que fez. Por outro lado, é inconstitucional a presença de polícia militar (que é estadual) em universidades federais (só é aceito a existência de vigilantes e/ou de polícia federal ao que me consta). Imaginem nossa PM dando uma dura em estudante dentro de universidade pública? Simplesmente inaceitável.

5) Tragédia

A definição de tragédia - desde o teatro grego - exclui por princípio a ideia de controle e previsibilidade. A tragédia é isto, o lugar do imponderável, do aleatório, da surpresa, do choque, do horror. É duro lembrar disso, mas a tragédia faz parte do mundo humano. Como já dizia em O Poderoso Chefão: "Se a história nos ensinou algo, é que qualquer um pode ser assassinado", especialmente quando o assassino não teme pela sua própria vida.

Espero que os leitores não suponham a indiferença para com a tragédia daquele que vos escreve, a intenção é apenas não cair em clichês direitoides que buscam capitanear o desejo mais sincero de segurança das pessoas em plataformas políticas enrijecidas.

Walter Andrade

6 de abril de 2011

A teologia do famoso "Ladrão Comédia"

Esse vídeo, além de ser um primor em questão humorística, tem também uma outra coisa que chama a atenção: o esquema teológico do ladrão, que muito originalmente, me parece, explica a condição de seus furtos pela permissividade punitiva de Deus para com os pecadores. O ladrão seria uma espécie de "Instrumento da cólera divina", muito embora ele, humildemente, confessa-se também um pecador. Não sou bom conhecedor de teologia, portanto deixo aos leitores a tarefa de tecer maiores comentários a respeito dessa "Teologia criminosa" (rs) proferida por este simpático e bem-humorado larápio!

Bruno Silva

4 de abril de 2011

Vips ou Prenda-me se for capaz? O Coronel Sampaio, Frank Abgnale e Marcelo Nascimento

Ontem foi ao ar uma matéria sobre Carlos da Cruz Sampaio Júnior, o homem que enganou a polícia e a secretaria de segurança do Rio de Janeiro, fingindo ser tenente, major e, por, fim coronel. Confesso que simpatizei com a história do cara: uma espécie de "outsider", o sujeito fez do jeito "errado" a coisa certa. Atuou na Tijuca, Maracanã, Praça da Bandeira, Vila Isabel, Andaraí e Grajaú, segundo informa uma matéria publicada no Extra em outubro do ano passado. Reduziu o número de crimes na região, bateu a meta e garantiu quinhentinho para os polícias da unidade! Esquema honesto, diria o capítão Fábio, personagem de Tropa de Elite. Trata-se de um grande constrangimento, imagino, para o setor de segurança do Rio de Janeiro: um autodidata fez o trabalho que "especialistas" fracassam frequentemente ao tentarem.
Vigarices como esta estão registradas na história e, não por acaso, rendem bons roteiros: foi o caso de Frank Abganale, famoso falsário americano que foi retratado por Leonardo DiCaprio em Prenda-me se for capaz: vôos gratuitos, cheques falsificados, atuação como médico, advogado, professor... genial! Recentemente, a produção nacional reservou espaço para a história de Marcelo Nascimento, retratado por Wagner Moura (ainda não assisti). Mas porquê será que tais histórias interessam tanto as pessoas? No meu caso, sempre acho que vou aprender alguma coisa de útil. O "Coronel Sampaio", por exemplo, ressaltou a importância de você saber se colocar como o que deseja ser: um misto de Maquiavel (fingir possuir as virtudes necessárias) e Max Gehringer, que está tentando ensinar a maneira adequada de se comportar num processo seletivo para alguma vaga? Não sei, mas cuidado quando virem um homem de terno, bem comportado, bom comunicador, etc: ele pode estar mentindo, seja no púlpito de sua cidade ou no Planalto Central do país!

Bruno Silva