Ontem foi ao ar uma matéria sobre Carlos da Cruz Sampaio Júnior, o homem que enganou a polícia e a secretaria de segurança do Rio de Janeiro, fingindo ser tenente, major e, por, fim coronel. Confesso que simpatizei com a história do cara: uma espécie de "outsider", o sujeito fez do jeito "errado" a coisa certa. Atuou na Tijuca, Maracanã, Praça da Bandeira, Vila Isabel, Andaraí e Grajaú, segundo informa uma matéria publicada no Extra em outubro do ano passado. Reduziu o número de crimes na região, bateu a meta e garantiu quinhentinho para os polícias da unidade! Esquema honesto, diria o capítão Fábio, personagem de Tropa de Elite. Trata-se de um grande constrangimento, imagino, para o setor de segurança do Rio de Janeiro: um autodidata fez o trabalho que "especialistas" fracassam frequentemente ao tentarem.
Vigarices como esta estão registradas na história e, não por acaso, rendem bons roteiros: foi o caso de Frank Abganale, famoso falsário americano que foi retratado por Leonardo DiCaprio em Prenda-me se for capaz: vôos gratuitos, cheques falsificados, atuação como médico, advogado, professor... genial! Recentemente, a produção nacional reservou espaço para a história de Marcelo Nascimento, retratado por Wagner Moura (ainda não assisti). Mas porquê será que tais histórias interessam tanto as pessoas? No meu caso, sempre acho que vou aprender alguma coisa de útil. O "Coronel Sampaio", por exemplo, ressaltou a importância de você saber se colocar como o que deseja ser: um misto de Maquiavel (fingir possuir as virtudes necessárias) e Max Gehringer, que está tentando ensinar a maneira adequada de se comportar num processo seletivo para alguma vaga? Não sei, mas cuidado quando virem um homem de terno, bem comportado, bom comunicador, etc: ele pode estar mentindo, seja no púlpito de sua cidade ou no Planalto Central do país!
Bruno Silva
Boneco do MC Livinho.
Há 6 anos
4 comentários:
Link para a reportagem do Extra
Interessantíssimo, já que indica como o jeito "correto" na verdade ensina os "vícios", vícios policiais que são provavelmente aprendidos já no curso, ou seja, uma fabricação da corrupção e, acima de tudo, da inaptidão para o cumprimento da função. (E ainda que mais "correto" fosse, seria ainda criticável, já que a Polícia existe, hoje, para manter o status quo, ou seja, conservar nosso mundo capitalista e desigual).
Sem dúvida um "talento" estranho: vi uma vez entrevista com um cara que na América do Norte fez estrago passando-se por todo tipo de coisa, inclusive reverendo, onde casou e enterrou muitos fiéis ... rs. Acho que para convencer os demais, o cara deve acreditar cegamente na própria mentira, que pelo visto, não tem pernas curtas, já que levaram anos para apanhar o sujeito! rs
Bom, eu esqueci do óbvio: o controle sobre a criminalidade como uma das funções policiais...
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