24 de março de 2011

GERAIS - Brasil e Irã, a reconstrução do Japão, a situação na Líbia, a Brahma...

Numa época de tantos recursos de edição de imagem, dá até para desconfiar, mas em se tratando do Japão e de sua disciplina... Em apenas seis dias foi reconstruído um trecho de 150 metros da rodovia que ficou famosa na foto. O que não fariam com nossas Brs!...
Após um governo silencioso de Lula-lá, o Brasil de Dilma-Má finalmente demonstra alguma preocupação com o avanço da degradação dos direitos humanos, e vota a favor da proposta para designar um investigador independente de direitos humanos para o Irã. Terá sido uma coincidência o fato de Obama ter vindo ao Brasil e, na sequência, o país ter apoiado uma decisão partida dos EUA? De todo modo, em que pese a desconfiança geral em torno da ONU, não é má a ideia de uma fiscalização nesse sentido...
Na Líbia, as forças aliadas (Estados Unidos, França, Reino Unido, Espanha, Itália e outros) continuam o ataque as forças de Kadafi, explodindo palácios e, mais recentemente, derrubando aviões que cruzam a zona de exclusão aérea. Já tem até versão nova para o antigo trava-línguas: Num ninho de Muammar Kadafi, tem avião que está caindo. Enquanto o Muammar Kadafi macho pia, morrem vários muammar kadafinhos rs!...
No campo dos patrimônios históricos, a Alerj acaba de revogar o tombamento da fábrica da Brahma, que data de 1888: agora, sem o tombamento, a fábrica tombará de vez! Coisas da língua portuguesa, e da politicalha brasileira. Só mesmo com umas duas caixas de Brahma na cabeça para entender, e mais duas para aceitar!

Bruno Silva

13 de março de 2011

O mundo acabará em 2012? Tragédia no Japão.


Os últimos acontecimentos ocorridos no Japão fazem parecer otimistas as previsões apocalípticas esperadas para 2012. Tragédias naturais (não escondo a sensação estranha de chamar "naturais" as tragédias, mas enfim...), tragédias radioativas... Uma das questões que durante muito tempo assombrou as preocupações escatológicas dos cristãos relacionava-se à maneira como o mundo acabaria: não seria por um novo dilúvio, estavam todos certos disso. Mas, de que maneira seria, então? Ninguém esperava que pudesse ser de todas as outras formas restantes. Calor infernal, deslizamentos inéditos, terremotos no topo da escala... Para alguns, o mundo acaba todo dia, um pouco de cada vez: fome, doença, mulher indo embora, homem dando o pé... Para outros, acaba todo de uma vez só: família soterrada, bala perdida, álcool na direção. Mas o que vemos é o último nível da noção global: Américas, Ásia, Europa, irmanadas não apenas no mesmo modo de produção, mas na mesma forma de destruição, da destruição-resultado e da destruição-imponderável. As chaminés podem esquentar o planeta, derreter geleiras, mas não terão força para fazerem tremer as placas tectônicas. Os homens agora podem destruir o mundo sem maiores pesos de consciência, porque talvez não tenham tempo para terminarem a tarefa! "Pensem nas crianças. Mudas, telepáticas. Pensem nas meninas. Cegas, inexatas. Pensem nas mulheres. Rotas, alteradas. Pensem nas feridas como rosas cálidas..." (Rosa de Hiroxima - Vinícius de Moraes)

Bruno Silva

2 de março de 2011

Monopólios, Bingos e Outros Bichos...


"Desde que continuassem trabalhando e procriando, suas outras atividades careciam de importância. Abandonados a si mesmos, tal como o gado solto nos pampas argentinos, haviam regredido ao estilo de vida que lhes parecia natural - uma espécie de modelo ancestral. Nasciam, cresciam pelas sarjetas, começavam a trabalhar aos doze anos, aos trinta chegavam à meia-idade, em geral morriam aos sessenta. Trabalho físico pesado, cuidados com a casa e os filhos, disputas menores com os vizinhos, filmes, futebol, cerveja e, antes de mais nada, jogos de azar, preenchiam o horizonte de suas mentes. Não era difícil mantê-los sob controle"

Parece a descrição de nossas sociedades contemporâneas (em especial a brasileira), e não deixa de ter esse objetivo, mas se trata de um trecho de 1984, de George Orwell... (a despeito das aparências, como nos parecemos com os ingleses!)

Assim como no livro, os jogos de azar/sorte continuam controlados pelo Estado, mais um monopólio (que acho Weber esqueceu de acrescentar), o monopólio da sorte, marginalizando bingos (que a Comissão de Constituição e Justiça (re)aprovou em 2009 e que agora depende da aprovação na Câmara, no Senado e da sanção de Dilma), marginalizando o jogo do bicho, que nasceu nobre - pois foi inventado em 1892 em Vila Isabel pelo barão João Batista Viana Drummond, fundador e proprietário do jardim zoológico do Rio de Janeiro - e hoje já é parte da cultura popular carioca e mesmo se espalhou pelo Brasil. Câmara Cascudo, no seu Dicionário do folclore brasileiro, já dizia ser o jogo do bicho invencível e que "a sua repressão apenas ampliava sua reprodução por todo o país. Vício irresistível, escreveu o folclorista: (…)contra ele a repressão policial apenas multiplica a clandestinidade. O jogo do bicho é invencível. Está, como dizem os viciados, na massa do sangue". Em Ordem e progresso (1959), Gilberto Freyre descreveu o jogo do bicho como uma das poucas atividades sem discriminação de classes no início da república. José Murilo de Carvalho demonstrou (?!) em Os bestializados: Rio de Janeiro e a república que não foi que a sociedade carioca difundia a crença na sorte como uma forma de ganhar a vida sem trabalhar - o que me parece mais uma reprodução do senso comum que qualquer outra coisa, mas ideia que muito me enternece...

E olhem que a Paraíba é o único estado onde o jogo do zoo é legalizado. Lá os números correm pela loteria e os "banqueiros" pagam taxas ao governo, sendo assim a atividade foi afastada do mundo do crime e da corrupção e ainda gera divisas ao Estado. Não se deve brincar com a sorte... E, no fundo, não importa se você ganha ou perde, o Estado (ou estado) sempre vence de antemão qualquer aposta, como em 1984...

Walter Andrade