17 de julho de 2012

Da comunicação mãe-bebê

Mães e bebês possuem uma forma específica e enigmática de comunicação. Como no trânsito, as mães sabem o que ignifica o choro breve, o choro longo, dois choros breves, etc. Eu não entendo de apitos, quem dirá de choro de crianças! Mas o que chamou minha atenção na sexta feira passada foi outra coisa: dentro de uma kombi estavam uma mãe e seu bebê. Era uma menina (falo do bebê), e me olhava fixamente. Tentei algum tipo de aproximação (falo do bebê), mas rejeitei, como sempre faço, apelar para o estilo bilo-bilo. É como dizia o Quintana: "O idiota estilo bilo-bilo com que os adultos se dirigem às crianças, isso deve chateá-las enormemente..." Fiquei olhando, mexendo as sombrancelhas, os lábios... sendo ridículo de outra maneira, em suma.
A menina, que se chamava Izabeli, não esboçava reação, apenas me fitava como se soubesse algum segredo meu. Comecei a me sentir mal, fiz revisão do meu dia: o que será que essa criança sabe a meu respeito. Comentei com a mãe da menina: - poxa, ela não dá chance! Está me olhando de uma maneira adulta, parece que sabe algum segredo meu! Continuamos nos olhando, e era sempre a mesma ameaça nos olhos da Izabeli. Quando desci da kombi, de alguma forma aliviado, a criança, que tinha um ano e pouco, subitamente olhou para a mãe. Mas olhou de uma forma tão eloquente que até eu consegui traduzir o que ela queria dizer: "Mãe, de onde você conhece aquele idiota!"

Bruno Silva

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