17 de setembro de 2012

Você fecha com quem? Velhos igredientes, novas receitas e uma lula a menos na minha paella

Estive lendo algum artigo de alguma Época em que se dizia: " O Brasil ético está escandalizado com o aperto de mãos entre Lula e Paulo Maluf". Os embates dos tempos heróicos entre o lider sindical e a artilharia da elite econômica brasileira ficaram tão distantes que se teme que talvez jamais tenham existido, não passando tudo de uma fábula sonâmbula.
O ex-uma série de coisas inclusive presidente Lula talvez estivesse indo longe demais com o aperto de mãos. Aos seus seguidores ainda restava o consolo de dizer: é uma foto, apenas. Mas agora, as declarações  a favor de Eduardo Paes constituem o último tiro, sem misericórdia. Não faz outra coisa o Lula senão desqualificar o posicionamento do qual durante anos foi o principal modelo: a oposição. Quando ele diz que a oposição fala, critica, mas a administração empreende e realiza, não está apenas dando um colher de óbvio, muito menos o suco do fruto da experiência: está se posicionando, se reposicionando.
Na certa há muita cara avermelhando, e não é o vermelho do comunismo. Talvez Eduardo Paes não precisasse do luxuoso depoimento de Lula e Dilma, mas foi bom que eles viessem a público, de mãos limpas como um Pilatos do século XXI, declarar seu apoio ao Paes e desqualificar a opção que, atualmente, aparece representada por outra bandeira: a de número 50. Isso coloca tudo às claras e serve, deve servir, de lembrete e alerta para a próxima corrida presidencial. Estão aí todos os elementos de uma tragédia grega. Grega, não: de uma tragédia carioca.
Enquando escrevia essas linhas ia ouvindo a gravação de "Amanhã", de Gulherme Arantes, feita por Caetano Veloso. Lembro que já foi usada em campanha para o Lula e depois para o Gabeira no Rio. Acho que o Brasil dormiu 48 horas, e não viu esse amanhã. Acordemos, enfim!

Bruno Silva

1 comentários:

Walter Andrade disse...

Administração pública que ultimamente tenta-se passar à lógica da eficácia empresarial (pretensamente despolitizada), como se a política estivesse do outro lado do discurso ou da balança. Vale lembrar, dicionariamente, que administrar é também administrar justiça, especialmente numa administração estatal. O apolitismo, que bem pode ser índice de uma recusa à corrupção, de um cansaço moral... não deixa, contudo, de assinalar uma passiva cumplicidade ao mesmo, e um deixar-aos-outros a tomada das decisões. É conservador, em suma. Esta a contradição de todos os ceticismos paralisadores...

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