21 de dezembro de 2013

Relógios e calendários

Desconfio de relógios
Absolutamente, não confio em calendários
O tempo é matéria enganosa, fluida
Toda tentativa de sua exata medição é um fracasso
Quinze minutos de sono, quinze de engarrafamento:
Quem dirá que duram o mesmo?!
Assim com as horas, assim com os anos
Uns voam, outros se arrastam
Este 2013, para mim, não tem medida:
Foi longo porque cheio, breve porque acelerado
Mudei, casei, fui pai
Ao mesmo tempo fui filho, colega, amigo, genro...
Tantos papéis desempenhados, espaços ocupados
Fiquei uma década sem ver pessoas queridas
Pessoas que, até ontem, estavam ao lado
Como medir?
As vezes, dobrando uma esquina, virando um gole, ouvindo uma canção
Eu me transporto para outro tempo, fisicamente
Não é a memória, apenas: sou eu, lá
Calor ou frio, maresia ou vendaval
É meu corpo novamente, experimentando sensações antigas (atuais)
O tempo não existe da forma como supunhamos
Ou fiquei doido
Ou tive uma revelação

Bruno Silva

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