8 de setembro de 2010

(ANTI)ESPORTE: Onde a Ferrari se FIA...

A reunião do Conselho Mundial de Esporte a Motor da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) deu-se hoje, em Paris, na Place de la Concorde.
***
A Praça da Concórdia já teve seus tempos de radicalização, durante a Revolução Francesa, quando foi chamada de Praça da Revolução. A guilhotina lá foi instalada, aterrorizando muitos nobres, degolando até o Rei Luís XVI mas igualmente Danton e Robespierre (pois é isso o terror, aterroriza a todos, até aos dirigentes dele mesmo). Lá havia sido edificada antes de 1789 uma estátua equestre do Rei Luís XV, ornada de baixos relevos evocando as virtudes do monarca: a Força, a Justiça, a Prudência e a Paz. Sua impopularidade, contudo, fez o povo cantar à época de sua inauguração

Ah! la belle statue, ah! le beau piédestal,
Les vertus sont à pied et le vice à cheval.

O que é de fácil tradução ao português:

Ah! a bela estátua, ah! o belo pedestal,
As virtudes vão a pé e o vício a cavalo.

Chegou a ser renomeada Praça Luís XVI, em virtude do retorno do regime monárquico ao Estado. A Revolução de 1830, porém, a rebatizaria de Place de la Concorde. Em 1831, o vice-rei do Egito, Méhémet Ali, oferece à França os dois obeliscos que marcam a entrada do palácio de Ramsés II em Tebas, atual Luxor. O primeiro chegou a Paris em 21 de dezembro de 1833 e é Luís Felipe I quem decide erigi-lo na Praça da Concórdia onde «ele não lembrará nenhum acontecimento político». A principal particularidade da Praça da Concórdia é que ela é delimitada pelo «vazio» em três lados (contrariamente à maior parte das praças que são delimitadas por edifícios de todos os lados): os Campos Elísios, o Jardim das Tulherias e o Sena.
***
É o sonho de todo escritor quando as metáforas se derramam perante ele, e pedem apenas um pouco de talento narrativo para tornarem-se um belo símbolo comunicativo. Aqueles que acompanharam esse resumo onde talvez esteja o principal para o caso atual e cuja atenção se deixou chamar pelos grifos itálicos, já sabem a conclusão desta pequena tirada jornalístico-histórica.

Não houve nenhum acontecimento político revolucionário hoje onde o próprio nome já predizia a conciliação. O que restou foi o vácuo ético por todos os cantos do mundo (para usarmos um sinônimo pouco recorrente nas corridas...). E o vício, bem, o vício vai a cavallino rampante e a muitos cavalos-vapor.

Walter Andrade (A história da Place de la Concorde foi extraída da Wikipédia)

2 comentários:

Du Bruni disse...

Texto brilhante! Genial! A Ferrari tem o símbolo perfeito: cavalo. Está mais para cavalo em dia de parada oficial: cagando, andando e sendo aplaudida! (Mas tomara que dê ferrari amanhã!)

Bill disse...

mermo com tôda essa trêta no fim vai dar Amilton ou Butão!!!! hahaha

OBS: escrevi assim como alguns ilustríssimos visitantes do blog Politica de Itaguaí fazem... rsrs

Postar um comentário