9 de novembro de 2010

Ambientalismo ou Otimismo?!

Primeiramente pedimos desculpa coletiva por um sensível hiato nas postagens do blog.

Talvez por isso mesmo o texto de hoje será uma espécie de panorama do caminho político das eleições brasileiras e um olhar para o futuro...

Fiquei profundamente decepcionado com o nível das eleições presidenciais de 2010. Por exemplo achei que pela 1º vez entraria em pauta a política internacional (motivos não faltavam: a relação do Brasil com o Irã, a emergência diplomática brasileira dentro da ONU, reivindicando assento no conselho de segurança, os embates com o protecionismo estadounidense e europeu etc). Nada disso foi debatido. Os discursos nos diversos "debates eleitorais(eiros)" foram mais do mesmo: repetições de frases feitas, acusações e réplicas na mesma moeda, certo ufanismo petista, ops, LULISTA, já que o "companheiro" dominou de vez o partido. Ética?! Ela ninguém poderia convocar ao seu lado. O que não quer dizer que um governo do PSDB seja o mesmo que um do PT...

Mas o foco aqui hoje é o otimismo pré-sal petista. As imagens mais pareciam anúncio da Ricardo Eletro (grandes palavras como EDUCAÇÃO, SAÚDE, FIM DA MISÉRIA assim, em caixa alta, descendo dos céus se não me engano [não deveriam sair do fundo do mar?!] e batendo forte contra o chão). Parecia propaganda evangélica também, ainda que as promessas não sejam as mesmas. Mas, de todo modo, denuncia uma religião secularizada (Koselleck): a do futuro radiante, a da perfectibilidade do progresso (ainda que não se use mais a palavra símbolo e lema da bandeira nacional por desgaste de sua utilização pela direita durante largo tempo). Substitua-se progresso por desenvolvimento/crescimento e estamos quites.

Isto é grave. É iludir-se a si antes de enganar o povo. Há complicações de longo prazo nisso. Primeira coisa: Quanto mais um país torna-se rico através da exploração de recursos naturais não-renováveis (como na prática é o petróleo) ao mesmo tempo torna-se mais pobre (Economista José Eli da Veiga). Segundo: O crescimento exponencial do consumismo leva à correspondente utilização de recursos naturais para a fabricação de mais produtos, no que a obsolescência programada das mercadorias muito influencia, junto da propaganda (Henrique Cortez e Osvaldo Ferreira Valente). O MMC disso é a crise ambiental.

Crise ambiental que não pode ser travada se não se põe o dedo na ferida: no modelo de economia capitalista. Pois é ele que em pouco mais de 1 século gerou mais destruição ao planeta que tantos milênios (vai saber quantos!). Não é apenas proibindo o uso de sacolas nos supermercados ou deixando de jogar lixo na rua que mudaremos a cabeça das pessoas (se fosse tão simples seria apenas uma questão de educação e leis sanitárias, e não é só isso). A propagação assustadora da humanidade no planeta é também um problema grave, é só viver numa grande capital ou pensar na China/Índia por exemplo (no que me assumo Malthusiano mesmo). Como prover tantas necessidades reais e simbólicas sem acelerar a degradação do planeta?!

É preciso mais reflexão política, menos otimismo desenfreado e um consumo mais racional. Ou assumirmos de vez o lugar que os filmes americanos como "Independence Day", entre outros, deixam para os extraterrestres, o de sanguessuga irracional dos recursos naturais, e que para mim não é senão a transferência de uma imagem pessimista do homem ao alienígena. Afinal, a culpa é sempre do outro, mesmo quando vem de tão longe...

Walter Andrade

Ps: Se fôssemos tão "divinos" quanto as religiões dizem, aprenderíamos que o melhor nesse caso é ser o mais próximo possível dos animais silvestres (que somos também animais): cumprem muito bem seus papeis na cadeia alimentar, e no ciclo da natureza, longe de a destruir.

5 comentários:

Du Bruni disse...

Eu sou um pessimista de plantão. Não desses que agouram, muito embora alguns amigos me acusem de "boquear". Na verdade, até torço para as coisas darem certo, jogo na sena, etc... mas, pra ser sincero, não deixo de pensar que toda vez que vou as casas lotéricas eu rasgo dois reais na aposta que faço. Porque é que falo disso? Porque o texto do Walter veio muito a propósito. Tenho do mundo e da humanidade as piores expectativas, e ficarei feliz de estar enganado (privilégio dos pessimistas!). Brinco dizendo que o Michal Jackson está morto e a Marina Silva não foi eleita: pior para o mundo e para o Brasil! (estou falando da questão ambiental, da preservação dos recursos, etc...)
Quanto ao baixo nível das eleições, não chego a concordar totalmente, afinal, o Tiririca foi eleito! rs

Thiguim disse...

Realmente essa corrida eleitoral foi uma piada. Nada mais justo que elegerem um palhaço para deputado.
Mas se pensam que sou contra sua vitória se enganam. Num pais em que boa parte dos eleitores são analfabetos funcionais e o presidente tem só até a quarta serie, porque não um deputado também. Seria a vitória do "Povo", seja lá o que isso signifique, mas que elegeu Lula 3 vezes para presidente.

P.S.: Piadinha infame para arrematar: O problema de PV e PSDB é que a Marina planta é o José Serra... hahahahaha

Walter disse...

Foda a piadinha infame! to rindo pra cacete aqui!!!

Du Bruni disse...

hahahahahahahahaha
PQP! Melhor piada infame do minuto! hahahahahahaha

JG disse...

Escreveu... mas escreveu bem... escreveu legal.

Meus caros, nós não somos o público alvo desta (e nem da próxima) campanha, é natural acharmos um saco. Simples assim...
Pelo menos nos rendeu boas piadas...e bons textos!

abraços

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