14 de novembro de 2010

Caosmos: Dinheiro x Vida

Sei que um texto deve ordenar as ideias, mas quero dar uma mostra a vocês de como as coisas vão se encaixando umas nas outras por associações imprevisíveis e de um modo meio caótico. Sim, pois o caos também gera o cosmos.

Hoje acordei, mesmo depois de não ter dormido, assaltado por pensamentos soltos e recorrentes. Coisas como "eu não quero enriquecer, mas precisava ter nascido rico". Explico: por motivos ideológicos, sou contra o trabalho com fins de lucro exponencial (e também contra o trabalho por muito tempo, que é aviltante em vez de ser digno, como dizem por aí). E a herança da riqueza é um modo mais nobre de se relacionar com o Dinheiro. Hoje Educação é ligada intrinsecamente - pelo menos no discurso - à possibilidade de ascensão social, de "inserir-se no mercado de trabalho". Talvez seja resultado do nosso estado bem atrasado "espiritualmente" e materialmente falando, porque reduzir a educação a um meio de conquista de posição social e dinheiro é ter um pensamento bem... é não ter pensamento, pra ser mais conciso e duro. O Esporte é também tomado como "meio de inclusão social": esporte é "saúde, espírito de equipe, é cidadania(!?)", como tenho uma noção bem mais ampla do que é ser cidadão, não acho que o esporte possa ser identificado com cidadania sem maiores explicações. Mas sempre me pergunto: "e aquelas milhares de crianças que não têm talento para os esportes e enchem os projetos sociais ligados a ele?!", porque fica parecendo que todos ganham, quando é preciso lembrar que o esporte possui outra ligação com o mundo capitalista: a competição, e competição sempre exclui os derrotados e ainda mais, por princípio, os incapazes. Como se diz, o 2º é o primeiro entre os derrotados. Dentro de tudo isso ainda há todas as contradições possíveis e imaginárias, como as pessoas que enriquecem por serem bonitas, por conchavos, na TV, quase sempre nada inteligentes, e que jogam ao chão o esforço de estudo de muitos, aqueles que acreditam na panaceia da educação. Se a educação fizesse tantos milagres, o povo de maior índice de educação à época não teria realizado o holocausto.

É preciso, é preciso... (quem sou eu pra dizer sempre o que é preciso?!), mas me parece que para termos uma vida mais completa seria necessário não viver de modo tão restrito, tão ligado, por mil e um laços, a "papeis sujos com poderes mágicos", já que necessita de palavras como "crédito", como já disse Ernesto Sábato, nessa nossa religião contemporânea, que congrega a todos na crença do Deus Mammon, de ateus a ortodoxos religiosos...

Walter Andrade

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