Tenho uma tristeza profunda de entrar em livrarias. Os livros que não li (jamais lerei) me lançam para baixo, numa série de angústias que se cruzam e me recolocam em choque com as condições a que estou submetido. Não há dinheiro para tantas obras, nem tempo para tanta leitura. Sinceramente, talvez nem mesmo necessidade. Um Pessoa já disse: "Ler é maçada,/estudar é nada./O sol doira sem literatura./O rio corre bem ou mal,/Sem edição original". Drummond também: "A literatura estragou tuas melhores horas de amor".
É a pobreza do bolso, é a pobreza da duração. O dinheiro não resolveria: são muitos livros, não há tempo. A eternidade, se alguém merecesse tanta complacência ou castigo, também não: são muitos livros, não há porquê.
O mandamento popular: escreva um livro, faça um filho e plante uma árvore (que outro livro destruirá!). O conselho pessoal: faça dois filhos, ou plante duas árvores, entre as quais você poderá estender uma rede e se deixar balançar por horas a fio. Talvez com um livro na mão...
Bruno Silva
Bruno Silva
2 comentários:
Para a leitura extensiva necessário seria uma eternidade vampírica: ler como Lestat fazia, (e é de lembrar que ele não tinha biblioteca, posto jogasse fora os livros assim que terminava, o que se ocorria em questão de segundos!) rs.
Agora, é claro, por outro lado, que ninguém lê TODOS os livros de sua própria biblioteca... lê-se uma introdução aqui, um capítulo ali, e no geral ficam mais para aquele dia, "quer venha, quer não", que você talvez precise consultá-lo. É como cercar-se de companhias humanas, mortas, mas mais vivas que outras, num certo sentido...
Eu só queria ler ... uma postagem nova aqui! rsrs
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