1 de setembro de 2011

Tristeza de livraria

Tenho uma tristeza profunda de entrar em livrarias. Os livros que não li (jamais lerei) me lançam para baixo, numa série de angústias que se cruzam e me recolocam em choque com as condições a que estou submetido. Não há dinheiro para tantas obras, nem tempo para tanta leitura. Sinceramente, talvez nem mesmo necessidade. Um Pessoa já disse: "Ler é maçada,/estudar é nada./O sol doira sem literatura./O rio corre bem ou mal,/Sem edição original". Drummond também: "A literatura estragou tuas melhores horas de amor".

É a pobreza do bolso, é a pobreza da duração. O dinheiro não resolveria: são muitos livros, não há tempo. A eternidade, se alguém merecesse tanta complacência ou castigo, também não: são muitos livros, não há porquê. 
O mandamento popular: escreva um livro, faça um filho e plante uma árvore (que outro livro destruirá!). O conselho pessoal: faça dois filhos, ou plante duas árvores, entre as quais você poderá estender uma rede e se deixar balançar por horas a fio. Talvez com um livro na mão...

Bruno Silva

2 comentários:

Walter disse...

Para a leitura extensiva necessário seria uma eternidade vampírica: ler como Lestat fazia, (e é de lembrar que ele não tinha biblioteca, posto jogasse fora os livros assim que terminava, o que se ocorria em questão de segundos!) rs.

Agora, é claro, por outro lado, que ninguém lê TODOS os livros de sua própria biblioteca... lê-se uma introdução aqui, um capítulo ali, e no geral ficam mais para aquele dia, "quer venha, quer não", que você talvez precise consultá-lo. É como cercar-se de companhias humanas, mortas, mas mais vivas que outras, num certo sentido...

Anônimo disse...

Eu só queria ler ... uma postagem nova aqui! rsrs

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