18 de dezembro de 2012

Crônica de Natal?

Gerard Von Honthorst:  Adoração dos Pastores. 1622
Escrever a crônica natalina é uma tarefa da qual não se pode esquivar; nem os grandes escritores, nem aquele anônimo, cujo alcance do que escreve ainda pode ser menor do que aquilo que fala para seu círculo mais íntimo. Reviste a antologia de crônicas e você encontrará tantas e tão diversas apreciações do que seja o Natal que poderá pensar que os autores referem-se a festas diferentes.
Existe a crônica de celebração: o clima familiar, a família reunida...; a crônica saudosista: o Natal perdeu seu significado...; a crônica gulosa: ah, os pratos natalinos!...; a crônica cristã-inquisidora: vocês se lembram do aniversariante?...; a cristã crítica: o natal não tem a ver com Cristo, que não nasceu no 25 de dezembro...; a crônica comunista: o papai noel representa o espírito do capitalismo e o imperialismo yankee!...; a crônica capitalista com ternura: chegou o momento de presentear aqueles que amamos!...; as crônicas dos vários pseudo-Veríssimos,...  já chega?
Num universo tão grande, é difícil se direcionar. Eu me lembro que, na minha infância o Natal e a Páscoa eram os únicos momentos em que o azeite entrava no carrinho de mercado. Lembro que a azeitona tinha caroço, e que ficávamos esperando para dar o polimento geral neles, eventualmente sendo beneficiados pela generosidade materna, que deixava passar um caroço com mais azeitona. Hoje a azeitona sem caroço domina, o que bem pode ter seus pontos positivos, tirando o fato de que ficam mais salgadas por causa da conserva. Com certeza esse incômodo passará quando a ciência nos der pílulas de azeitona, ou azeitonas de soja...  
Mas era da tarefa de ser fazer a crônica de Natal que falávamos. Depois que se escreve uma fica difícil voltar ao tema. Já disse que o natal me deixa triste, e isso não mudou. Não há o que dizer de novo, e talvez seja mais difícil ainda no ano que vem. Mas na última crônica eu não desejei feliz Natal pra ninguém, grosseria da qual vou me redimir agora: feliz Natal para todos!

Bruno Silva

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