8 de dezembro de 2012

Crônica tragicômica

Tendo chegado com duas horas de antecedência, esganei o quanto de tempo pude e deixei o edifício do IFCS, em direção à rua do Ouvidor, muito menos fantástica do que se crê ao terminar um livro de Machado de Assis. Entro inseguro numa confeitaria granfina: Manon. Ainda não sei o que pedir quando, para meu alívio e surpresa, alguém diz "pão na chapa e café". Que bom que não preciso saber francês! Puxo um cachorro do bolso, mas a conta não passa de R$ 2,60! Vou satisfeito para minha mesa; uma tragédia se abaterá sobre mim mas eu ainda não sei.
De volta para o edifício, um galo com uma fita amarrada em seu tornozelo passa na minha frente (13, para quem quiser o palpite). Cumpro de maneira desastrada minha tarefa e saio, atordoado, atrás de chope e bolinhos de bacalhau.
Um dia no centro do Rio de Janeiro pode ser imenso! Entro na Candelária, almoço num fast food, perambulo para lá e para cá e ainda não são duas horas. Procuro algo numa livraria e cometo uma pequena extravagância. Na saída (como escrever isso sem parecer grosseiro?) sou alvejado pelos dejetos de alguma ave de muito maus desígnios. Não acredito que tenha sido um pombo: ele precisaria ser, no mínimo, do tamanho de um chester para conseguir produzir aquela quantidade! Não. Foi alguma espécie parente dos dragões mitológicos, acometida de sérios problemas intestinais, provável habitante de uma árvore da rua Almirante Barroso.Que bom que não tenha sido um vaso de plantas! Pensando assim, o azar até que não foi tanto, e eu devo ter exagerado ao usar o termo "tragédia". De todo modo, vejo-me obrigado a tirar a camisa e a mochila e ficar, no meio de uma tarde ensolarada, em plena avenida Rio Branco, com uma barriga de caminhoneiro, à procura de alguma solução menos embaraçante. Lavo-me em plena rua com uma garrafa de água mineral e compro uma camisa, valendo-me da gentiliza de um vendedor que serviu de intermédio (eu não estava em condições de entrar num aviário, quanto menos em uma loja de roupas!)
Nm dia cão como este, após mais três horas de espera, só me sobrava afogar minhas frustrações com meu amigo no Beco das Sardinhas!

Bruno Silva

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