20 de outubro de 2014

A lição de 1989

Em 1989, um "resumo" do debate da globo, apresentado no Jornal Nacional, favoreceu sensivelmente Collor, candidato pelo PRN, contra Lula, do PT. O caráter da emissora, já se sabe, não inspira confiança em um trabalho sério e imparcial. Sua convivência simbiótica com a ditadura militar (mas também civil e empresarial) já constitui um cartão de visitas às avessas. Essa tradição de fechar o ciclo de debates políticos é celebrada pela emissora, bem vista por determinado setor da sociedade e, com razão, receado pelos que estão atentos e sabem o quanto têm a perder com uma eleição marcha à ré.
Os escândalos que são alardeados em momento propício, os que são abafados e pintados de marrom, tudo isso constitui um modus operandi para lá de denunciado e, não obstante, sempre ativo. Uma ex-professora minha, da UFRuralRJ, especialista em história do Brasil, particularmente no que diz respeito aos militares no poder, comentou hoje em rede social que o Merval Pereira, diante do resultado que projeta Dilma como vencedora no segundo turno, destacou que o debate da Globo será importantíssimo. Com razão, Adriana Barreto considerou que, vindo dele, certamente a declaração possui tom ameaçador.
Particularmente, atribuo a liderança de Dilma nas últimas sondagens a uma militância feita com base na informação e no desmascaramento. Os mais novos, crianças ainda no período FHC, talvez não conhecessem mesmo o significado de uma candidatura do PSDB, que muito oportunamente o Aécio procura nublar, ao afirmar que não é mais um "candidato de um partido". Prefiro acreditar na inocência útil desses eleitores, para não me ver na triste contingência de classificar como mau caráter aquele tipo de pessoa que tripudia dos programas sociais levados a frente, contra a maré, pelo governo do PT. Para não falar do avanço inegável naquele setor da educação que compete ao governo federal: as universidades.
Essa defesa de um projeto de um país mais justo e com mais inclusão deve continuar e se fortalecer! Não nos contentemos como o resultado parcial! Não deixemos esmorecer a campanha! É preciso esclarecer os eleitores indecisos, porque eles ainda são uma esperança, já que não se contaminaram com o ódio disseminado pela mídia. É preciso esclarecer que a eleição do candidato que contabilizou como gasto em saúde até injeção para cavalo é, verdadeiramente, um cavalo de Tróia para a democracia brasileira.

Bruno S. Souza

P.S.: para quem quiser, deixo a sugestão do documentário "Muito além do cidadão Kane". Um trecho do filme, em que a manipulação eleitoral é tratada, pode ser assistido aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=raRHnmif7js#t=193

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