9 de maio de 2010

DOMINGO - O Recorrente Tédio

O calendário diz que domingo é o primeiro dia da semana. Quem se importa? Sempre foi e sempre será (a menos que alterem mais uma vez o calendário) o último dia da semana, à beira do reinício cíclico da próxima, encabeçada por uma segunda-feira sinônimo de trabalho (em suas variadas formas), compromissos, e etcéteras. Domingo é o tédio que precede o retorno da rotina. Por mais que se faça algo diferente nesse dia a marcha prossegue inevitável rumo ao cotidiano de uma nova (velha) semana - a marcha não do tempo em si, que esse não pede para ser dividido, controlado, entediado... - mas do sistema social, que condiciona os vazios da existência pelos quais sempre voltamos a passar. Você pode estar se perguntando: Mas esse cara pretende que não tenhamos um calendário? Não, eu não pretendo reorganizar nada, só falo da desordem, do tédio e do vazio existencial de mais um domingo, como coisa real por dentro. É uma das sensações mais universais (à exceção de alguns povos estudados por Antropólogos que não interessam a quase ninguém e possíveis extra-terrestres ainda não confirmados pela Ciência). Domingo é o dia em que, antes da falta de assunto, o que não temos é vontade para assunto algum (e eu nem mesmo sou original! É Carlos Drummond de Andrade que nos lembra disso falando não do domingo em especial, mas que cabe muito bem). Há uma música do Titãs também "Domingo eu quero ver o domingo passar"... (e eu nem gosto muito de Titãs mesmo).

Provavelmente escrevi um texto bem entediante. Mas afinal não se pode ir contra seu estado de espírito quando se escreve. Então aí está um escrito sobre a falta de assunto ou o tédio de se começar um, ou um texto sobre o tédio em si. Para ser interessante, acho que precisaria ser de Sartre ou Gessinger...

Judeu Polaco

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