2 de maio de 2011

A Morte de Bin Laden e o Perigo de Mussum-Obama



"A causa da segurança de nosso país não está completa. Mas, esta noite, mais uma vez lembramos que os Estados Unidos podem fazer tudo a que se determinar fazer. Essa é a história de nossa história, seja a busca da prosperidade para nosso povo, ou a luta pela igualdade de todos os nossos cidadãos; nosso compromisso é lutar por nossos valores no exterior, e nossos sacrifícios é fazer do mundo um lugar mais seguro."

"Deixem-nos lembrar de que podemos fazer essas coisas não apenas por riqueza e poder, mas por causa do que somos: uma nação, sob um Deus, com liberdade e justiça para todos.

"Obrigado. Que Deus os abençoe. E que Deus abençoe os Estados Unidos da América".

Trechos da declaração de Barak Obama na tradução de Webster Franklin (Terra), com grifos meus.

As partes grifadas são muito significativas. O Deus do Ocidente não parece ter o mesmo peso do Deus dos Terroristas na justificativa dos atos americanos, ops, estadunidenses, que lutam "não apenas por riqueza e poder", mas por liberdade e justiça para todos. Não sei se para todos... Estamos, afinal!, falando do imperialismo em país, que intervém no mundo todo militarmente, quase nunca com justificativas plausíveis (vide Iraque, Vietnã, Cuba...), e que mantém Guantánamo (a despeito da promessa de fechamento, feita por Obama), que absorve os padrões terroristas de sequestro/tortura, além do sigilo judicial, sobre pessoas a maior parte inocentes de todo, como agricultores afegãos que lá ficaram por 8 ou 9 anos...

Já vinha pensando que a figura mussum do Obama e o entusiasmo em seu entorno poderia dissimular melhor a continuação da mesma política estadunidense, com popularidade e carisma e um pouco menos de agressividade do fundamentalismo cristão (que era apanágio dos Bushs e da direita republicana), já que os democratas representem uma direita mais laica. Não precisaria dizer que não considero os E.U.A modelo de democracia? Com seu bipartidarismo na prática, macartismo, preconceitos raciais (200 anos de "democracia" até ter um negro como presidente!, até nós demoramos menos pra ter um "operário" e uma mulher no cargo). Ademais, é sempre imprudente buscar modelos, mas a Suíça seria mais louvável (democracia direta, não representativa), ou Noruega, Finlândia (e até lá a extrema direita conseguiu vencer recentemente...).

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Reproduzo a seguir um pequeno texto que foge da monotonia/reprodução do mesmo que estamos assistindo por aí sobre a morte de Bin Laden, de uma fonte que me parece respaldada para dizer o que diz:

Morte de Osama Bin Laden é irrelevante, diz Robert Fisk

por Redação 774 ABC Melbourne

O veterano jornalista Robert Fisk, que entrevistou Osama Bin Laden em três ocasiões, disse que a notícia da morte de Bin Laden é muito menos importante que os levantamentos populares que acontecem no mundo árabe. “Já venho dizendo há algum tempo que acho o fato de ele estar ou não estar morto bem irrelevante”, diz o correspondente do jornal inglês The Independent no Oriente Médio. “Ele fundou a Al Qaeda e essa foi, a seus olhos, sua realização”.

O premiado jornalista diz que Osama Bin Laden não estava em condições de realmente dirigir operações da Al Qaeda. “Ele não estava sentado numa caverna com teclas de computador e dizendo ‘aperte o botão B, é a operação 52′”, diz Robert Fisk.

Fisk, que ultimamente esteve noticiando os acontecimentos na Síria, diz que o mundo mudou de várias formas desde o 11 de setembro. “Nos últimos meses vimos um despertar árabe no qual milhões de árabes muçulmanos derrubaram suas próprias lideranças”, ele diz.

“Bin Laden sempre quis acabar com Mubarak e Ben Ali e Kaddafi e os demais, argumentando que eles eram infiéis que serviam à América e, na realidade, foram milhões de pessoas comuns que, pacificamente — bem, mais ou menos, e com certeza no caso da Tunísia e do Egito — , se livraram deles. Bin Laden não, ele fracassou nessa tarefa”.

“Você tem que se lembrar que esses regimes sempre disseram aos americanos: ‘continuem nos apoiando, porque senão a Al Qaeda toma o poder’ — e na verdade a Al Qaeda não tomou poder nenhum”.

É interessante que, depois da derrubada de Mubarak, a primeira coisa que se ouviu da Al Qaeda, uma semana depois, foi um chamado para a derrubada de Mubarak, uma semana depois que ele havia caído. Foi patético”.

Fisk diz que as comemorações da morte de Bin Laden nos Estados Unidos são insignificantes. “Acho que Osama Bin Laden perdeu a relevância há muito tempo, na verdade. Se eles tivessem matado Bin Laden um ou dois anos depois do 11 de setembro, uma parte dessa bateção no peito poderia ter tido alguma relevância. Esses punhos no ar nos Estados Unidos, celebrando vitória, são boas imagens, mas acredito que elas não significam nada”, diz ele.

“O fato real que temos no mundo hoje, o que é importante, é um levante de massas e um despertar de milhões de árabes muçulmanos para derrubar ditadores”.

Robert Fisk diz que esses levantes são “muito, muito mais importantes que um homem de meia-idade sendo morto no Paquistão”.

* Tradução de Idelber Avelar. Publicado originalmente no 774 ABC Melbourne e retirado do site da Revista Fórum. Publicado em http://www.ariquemesonline.com.br/textos.asp?codigo=20603


Walter Andrade

3 comentários:

Thiguim disse...

Sem mencionar o fato de que ainda não disponibilizaram nenhuma foto do cadáver. A versão oficial é de que confirmaram ser Osama por teste de DNA e de que sepultaram o corpo no mar.

Morte mámuitomáque inventada. O motivo é não consigo alcançar...

Bruno Silva disse...

Engraçado que o Osama é mais perigoso morto do que vivo: além da osbcuridade que cerca a questão do corpo, agora parece que a captura está servindo de justificativa para práticas de tortura em Guantanamo! E, além disso, passou-se de terrorista a cabo eleitoral de Obama! Pqp!

Walter disse...

"If tyranny and oppression come to this land, it will be in the guise of fighting a foreign enemy" - "It is a universal truth that the loss of liberty at home is to be charged to the provisions against danger, real or pretended, from abroad"

James Madison (4º Presidente dos E.U.A)

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