13 de outubro de 2011

Poesia diagnóstica

Já fui muito ingênuo. Acreditava que eu era um poeta, e que os poetas morriam sempre do coração. Ficava com um caderninho tosco e uma caneta na mão, anotando aquelas coisas que me vinham na cabeça e que eu supunha serem dádivas de Érato. Depois abandonei o caderno, mais ou menos na mesma época em que os homens desaprenderam a escrever à mão. E quando a tristeza sobrevinha, eu a afogava em lágrimas de lúpulo, cevada ou malte. Nunca mais caderno.
Na semana passada adoeci um pouco: fortes dores, distensões no abdômen, dificuldades de locomoção. Várias idas ao posto de saúde, veias tricotadas, exames... descobri uma pequena alteração no fígado. Destino de Prometeu.
Talvez precise voltar para o caderno.

Bruno Silva

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