30 de janeiro de 2012

A felicidade cabe numa rede



Estive pensando na felicidade que encontro quando estou desfalecido na rede, como um Marat assassinado. Não peço e não preciso de mais nada para estar bem. A ideia é bem poética, mas logo vem a evidência materialista para atrapalhar: uma rede não flutua no espaço; é preciso dois ganchos que a sustenham. Ganchos não possuem asas, precisam ser fixados em dois pontos fixos. Até poderia usar duas árvores, mas então vem a prefeitura, o proprietário, ou mesmo um pássaro no seu momento mais íntimo e aí... Reclamemos, pois, o conforto de um teto sobre a rede, para que ninguém venha encher a paciência. Mas casas custam dinheiro; dinheiro não nasce em árvore (olha a árvore, não resolvendo pela segunda vez o meu problema!). Vamos atrás do dinheiro para o teto. Mas é a estória do "Capitão de Indústria", música dos irmãos Valle, gravada pelos Paralamas do Sucesso: "Eu acordo prá trabalhar/ Eu durmo prá trabalhar/ Eu corro prá trabalhar/ Eu não tenho tempo de ter/ O tempo livre de ser/ De nada ter que fazer..." Não dá pra ficar o tempo todo em cima da rede, assim como não dá para ser feliz o tempo inteiro. Uma hora você tem que se levantar, mas até lá...




Bruno Silva

1 comentários:

Anônimo disse...

Mas eu fico pensando ... tudo é busca, a felicidade demanda busca, mesmo a rede não traria tanta satisfação se fosse eterna e amplamente disponível. O preço que se paga por ela e sabê-la finita é que a torna tão gostosa ... rsrs.

Além disso, não fosse a necessidade de sair da rede para mantê-la, jamais poderia o indivíduo descobrir que existem outras formas de ser feliz. O que deveria constituir-se um problema, já que o esforço pra manter a rede é menor a vista de outras vontades. Mas como disse antes, tudo é busca. Buscar é preciso ... rsrs.

Esse deve ser o comentário mais confuso que já fizeram aqui ... hahahahah

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